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Montanha-russa de sílabas e sentidos.
A foto na capa do disco é de uma criança com deficiência auditiva, ouvindo claramente pela primeira vez.
01 - Pelúcia e Caramelo
Letra:
Morango e chocolate
Vitamina de abacate
Morango e chocolate
Vitamina de abacate
Princesinha num castelo
Pelúcia e caramelo
Morango e chocolate
Vitamina de abacate
Princesinha num castelo
Pelúcia e caramelo
Filhotinhos em geral
E a cabeça do meu pau
02 - Primavera Tanuki
Você mal sai do berçário
E já vem outro aniversário
Logo outro, formatura...
Tudo passa e nada dura
Você...
Ah, quem me dera
Quem me dera...
Ser tanuki; primavera...
03 - Eu sou Satanás
Eu sou Satanás...
Eu sou Satanás...
No jardim do paraíso eu sou o que te insatisfaz
Sempre sugerindo que você merece mais
Você andou lendo o meu discurso nos jornais
Exigindo mais justiça
A câmara de gás
Minha voz no rádio
E eu sempre fui loquaz
Meu sorriso subliminar
Estampado num cartaz
Pisco o olho em concordância com seu lado mais voraz
Pra cada cabeça cortada nasce uma flor lilás
É preciso muita guerra para alcançar a paz
Prazer te conhecer
Meu nome é Satanás
Em nome de Deus ou da pátria
Vai que eu vou atrás
Então joga as mãozinha pro alto
Dança com Satanás
Eu sou Satanás
Eu te convenço que o seu irmão é mau
Eu te recomendo perversão como solução moral
Porque pra você é diferente
Você é especial
Vamos odiar cada inimigo do Amor Universal
Eu te convido a abraçar rancor, depois quebrar o pau
04 - Livrai-nos do mal
Se há uma coisa que eu não aguento
São padres na igreja fazendo discurso pros noivos no casamento
Como se fosse normal
Que um celibatário tentasse instruir ao casal
Padre, foda-se a sua água com farinha
Num aporrinha
Vá comer seu coroinha
Chega dessa sua ladainha
Claro que todos queremos o bem
Mas eu não tomo ordens de ninguém
Que queima gênios e artistas por besteira
Que assassinou mulheres na fogueira
Pra mim um padre não tem nada de sagrado
Enfia essa sua saia no rabo
Padre, deixa o povo usar camisinha
Que morrinha
Vá chupar seu coroinha
Cuida da sua vida e eu da minha
Seu deus morreu e você está na linha
Padre, vá roubar biscoitos na cozinha
Tentar pegar no pau do filho da vizinha
05 - Hattori Hanzo
Hoje ouviremos a história de Hattori Hanzo
O ninja mais famoso do Japão
Nascido no período de Sengoku
Aproximadamente no ano de
Quem se importa com essas porra?
O cara era ninja, véi
Matou vários mano que nem sabia que o truta tava lá
Possivelmente, teria usado estrelinhas e bombas de fumaça para dar cabo de seus inimigos
Movendo-se silenciosamente através da história:
Hattori Hanzo
Densetsu no otoko
06 - A lenda (feat. n0153)
Hoje acordei bem cedo
Tomei um café da manhã maneiro
Me preparando para encarar mais um dia
Só mais um dia
Sendo uma LENDA
Um vocalista, ele precisa se cuidar
Eu me exercito e depois vou me alongar
Mais um dia de estrela, eu sei
Tomo sorrindo a minha batida com Wey
Saio de casa
Entro no carro
Ligo o som
Bracinho pra fora da janela, dando aquela forçada no tríceps
É claro
Esse é o tríceps de uma LENDA
Por onde eu passo, sabem meu nome
Sabem todos que eu sou O Homem
Mais que O Homem
Que eu sou A LENDA
Todos me amam se eu canto rock no palco
Com essa bundinha que mamãe passava talco
É a minha fama que se espalha distante
Nessa cidade de 30 mil habitante
E essa é a minha vida
A vida de uma LENDA
Cobro caro pra me ver tocar
Vendo ingresso limitadíssimos
E vivo assim
E assim eu vivo
Caminhando pra glória
Afinal, o resto é história...
A mulher do meu lado
Eu não sei o nome dela
Mas ela sabe o meu
Bebo até apagar, mas todos acham bonito
E vivo assim
E assim eu vivo
Caminhando pra glória
Afinal, o resto é história...
Mais uma manhã
Mais uma mulher
Depois do banho, misto quente e café artesanal
Uma aparadinha de leve na barba
Tudo
Tudo pra permanecer uma LENDA
Eu canto e treino e então ensaio mais um passo
Porque eu programo cada instante do que eu faço
E apesar dessa velhice, que insiste
Eu vou manter meu nome lá na VIP list
Onde quer que eu vá, tapinhas nas costas
Mas logo mais, se eu não bebo, minha mão começa a tremer
Mas é só a abstinência
A abstinência de uma LENDA
Eu abro a garrafa
Tomo um trago
E fica tudo bem
Já sorrio de novo e lembro até meu nome
Me olho no espelho
E o que eu vejo no espelho?
É óbvio
Uma LENDA
Deus do Olimpo
Imortal
O mundo inteiro gira da cabeça do meu pau
E quem discordar é inveja
Me preparo pra night
Aparo os pelos do nariz
Hoje eu devo subir num palco
Hoje eu devo cheirar um talco
Essa é só uma night
De uma LENDA
E eu sou o dono da cidade
O imperador da obviedade
E vivo assim
E assim eu vivo
Caminhando pra glória
Afinal, o resto é história...
Depois do sétimo gin tônica
Todos me evitam como a peste bubônica
E eu vivo assim
E assim eu vivo
Caminhando pra glória
Afinal, o resto é história...
Eu sou simpático e sorridente
Com o emocional de um indigente
Eu vivi assim
E assim morri
Nunca conheci um dia de vitória
Enfim
O resto é história
É sim
História...
07 - Confortável e Sorridente
Filhinho de papai
(Cabelo do saco liso)
Só vai trabalhar
Quando os pobretão parar de procriar
Sim
Parar de ter filho
Deixar o pau quebrar
Com o mundo em chamas pros playboy tentar apagar
(Apaga aí, cuzão
Usa a sua própria mão)
Vivendo igual bicho
Comendo do lixo
(Da lixeira, porra)
Cambada de mula burra
Os político filha da puta
(Voa neles, porra)
Filha da puta
Corpo empresarial
Leitor de jornal
Cambada de débil mental
A culpa é sua
Pra quem é mané
(Se você é mais devagar)
Eu vou repetir
O bolo é mentira e logo vocês tudo vão sumir
De guerra e polícia
De fome e doente
(De fome e doendo)
Enquanto os boyzinho esconde
Confortável e sorridente
Vivendo igual bicho
Comendo do lixo
(Da lixeira, porra)
Cambada de mula burra
(Tudo otário)
Os político filha da puta
(Voa neles, porra)
Filha da puta
Corpo empresarial
Leitor de jornal
Cambada de débil mental
A culpa é sua
08 - Woolgathering
(instrumental)
09 - O Mestre
Noites chuvosas sempre me lembram daquela tarde ensolarada, quando finalmente terminei de escalar a montanha e encontrei a famosa caverna onde vivia O Mestre.
Assim que entrei na caverna - antes que meus olhos pudessem se acostumar à obscuridade que reinava lá dentro - ouvi pela primeira vez a voz do mestre, que dizia:
"..."
De acordo com a tradição milenar que presidia à cerimônia, eu respondi:
- Queeee isso???
O mestre me bateu com seu hossu e, com isso, experimentei certo nível de realização...
Mais tarde, na caverna, sentados frente a frente na empoeirada penumbra, agora encarávamo-nos em silêncio.
O Mestre, animado por súbita fagulha mística, levantou um dedo.
Eu, combatendo furiosamente naquele duelo dármico, levantei dois dedos.
O Mestre, aquele cretino desdentado, levantou três dedos.
Eu já conhecia aquela piada, então levantei um baseado.
O mestre, de repente, parecia um tigre. Seus olhos como estrelas cadentes. Ele disse:
"Pi win la john fon shu tsu te ta," ou alguma coisa que simplesmente se parecia com isso. Não importa. A mensagem era clara e transcendia idiomas. Ele dizia:
"Há cem anos tô de cara, bróder... Toca fogo nessa porra aí."
É importante saber que O Mestre era muito, muito, muito, muito, velho. Era impossível dizer exatamente o quão velho ele era. De idade mesmo, eu diria que ele tinha pelo menos pra sempre. Quando ele segurou no baseado, em achei que ELE fosse desmontar. Então, numa faísca que protuberou quando O Mestre estalou os dedos, ele pôs fogo na parada e, com isso, eu despertei para um novo nível de realização.
O Mestre, apesar de sua velhice, tinha uma respiração invejável. Deve ser alguma coisa com o custo-me de recitar “...” prolongadamente.
Exibindo sua grande habilidade, O Mestre sorveu, num trago único, o baseado inteiro. Mas eu nem fiquei com raiva. Me controlei. Eu disse:
- Eu e você, seu velho escroto do caralho. Lá fora, agora!
Como o velho demorava para se arrastar até a entrada da caverna, mandei um alongamento. Então ele saiu e, antes que eu pudesse me colocar numa posição de luta, O Mestre mandou um roundhouse kick na minha boca. A manobra foi hábil e rapidamente seguida de uma dedada no umbigo e de uma joelhada no saco.
Eu caí no chão humilhado e, com isso, obtive o grau de realização que possuo até hoje.
Made With Brizy